Cimento PBS®: alternativa para tratamento de raízes dentárias condenadas

A endodontia é a especialidade da odontologia que nesta última década, evoluiu 100 anos em 10. Várias inovações entraram em nosso arsenal. Desde tecnologias em instrumentação motorizada com movimentos rotacionais e reciprocantes, utilização de instrumentos de níquel e titânio com tratamentos térmicos, localizadores de forame eletrônicos que determinam o comprimento de trabalho para a instrumentação, medicação inespecífica a base de hidróxido de cálcio para casos de necrose, obturações com onda contínua de calor também através de aparelhos eletrônicos. Entretanto, o fantasma das perfurações radiculares continuava assombrando os endodontistas!

O advento dos cimentos biológicos determinou a implantação de uma nova era na endodontia. É importante compreender que estes cimentos são alternativas biocompatíveis e eficientes para serem usados em casos não convencionais. O que seria não convencional: qualquer perfuração na área perirradicular; perfuração de furca, zips (desvios da luz do canal com perfuração lateral), arrombamento de forame, rizogênese incompleta, capeamento pulpar direto, pulpotomias, trincas radiculares causadas por trauma, retroobturações e casos de destruição grande da dentina; utiliza-se estes cimentos como base para restauração. O termo biodentina também é palavra chave para definir os cimentos não convencionais.

A origem dos cimentos biológicos é algo que necessita ser desmistificado. A base destes cimentos é o cimento Portland utilizado na construção civil, que tem como matéria prima o calcário. O primeiro cimento biológico a surgir na odontologia foi o MTA (agregado, trióxido, mineral) cimento composto por cimento portland comum acrescido de óxido de bismuto, agente radiopacificador. As marcas comerciais deste cimento são: Pro Root Dentsply®e MTA Ângelus®. Ambos têm a desvantagem do custo ser alto, como também a presença do óxido de bismuto que confere ao cimento radiopacidade, no entanto deixa o cimento friável e com baixa resistência à compressão.

A odontologia está se enquadrando a nível de pesquisa científica, quebrando o paradigma de ser somente profissionalizante. Estudos recentes determinaram desenvolvimento de cimento biológico com a mesma base do MTA, no entanto, com o acréscimo de aditivos (elementos naturais responsáveis pelo aumento da resistência do cimento) e sem radiopacificador, elemento que interfere na propriedade resistência do cimento, requisito importante devido à necessidade de resistência às forças mastigatórias. Este cimento foi patenteado e seu nome é: cimento PBS® (Pozolana, Biológico, Silva).

Desenvolveu-se inicialmente modelo experimental para avaliar a ação biológica reparadora deste cimento, em lesões de furca experimentais, em dentes de cães SILVA NETO JD et al.,2010. Este estudo calibrou instrumentos para realização de trabalho maior para definir a capacidade regeneradora do cimento PBS® em lesão de furca SILVA NETO JD et al.,2012. A partir daí, desenvolveu-se possibilidade de realização de estudos clínicos com finalidade de avaliação da regeneração de dentes submetidos a cirurgia parendodôntica, retroobturados com cimento MTA Ângelus e cimento PBS® SILVA SR et al.,2015 e SILVA SR et al.,2016. Os resultados demonstraram que o uso clínico do cimento PBS® é viável porque produz a regeneração óssea e das estruturas de ligamento periodontal, além de ter resistência devido à presença de aditivos, que se mantém a longo prazo devido à ausência em sua composição de radiopacificador.

Nossa linha de pesquisa está definida e produzindo através dos estudos dos alunos de cursos de especialização de endodontia e mestrado profissional.

Para maiores informações deixamos nossos e-mails:

jdendod@yahoo.com.br Prof. José Dias da Silva Neto

sousrs@yahoo.com.br Prof. Sérgio Ribeiro da Silva

Referências:

Silva Neto JD, Brito RH, Schnaider TB, Gragnani A, Engelman M, Ferreira LM (2010). Root perforations treatment using mineral trioxide aggregate and Portland cements. Acta Cir Bras 25:479-484.

Silva Neto JD, Schnaider TB, Gragnani A, Paiva AP, Novo NF, Ferreira LM (2012). Portland cement with additives in the repair of furcation perforations in dogs. Acta Cir Bras.27:809-814.

Silva SR, Silva Neto JD, Novo NF, Veiga DF, Schnaider T, Ferreira LM. Portland cement versus MTA as a root-end filling material. A pilot study Acta Cir Bras 2015;30(02):160-164.

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